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A Valorização da Mulher na Antiguidade: Fertilidade e Culto ao Sagrado Feminino

 O Culto ao Sagrado Feminino: Uma Jornada à Origem da Adoração

O culto ao sagrado feminino é uma das formas mais antigas de adoração espiritual conhecidas pela humanidade. Este culto, que remonta à pré-história, reverencia a figura feminina como uma representação da vida, da fertilidade e da Terra.

O primeiro elemento cultuado pelo homem foi a Terra. Nos mitos antigos, ela é frequentemente retratada como uma deusa mãe que se auto-gera, dando origem à vida a partir de sua própria substância. A vida brota de sua carne rasgada e jorra de suas profundezas. É ela que produz os frutos, os animais e o próprio homem.

O Sagrado Feminino na História

Ao longo da história, o sagrado feminino tem sido adorado em muitas culturas diferentes. Na Grécia antiga, por exemplo, a deusa Gaia era adorada como a personificação da Terra. Na tradição hindu, a deusa Kali é vista como uma força destrutiva e criativa. E na tradição celta, a deusa Danu é reverenciada como a mãe de todos os deuses.

Hoje, o culto ao sagrado feminino continua a ser uma parte importante de muitas práticas espirituais. Muitas pessoas encontram no sagrado feminino uma fonte de inspiração e um caminho para a conexão com a natureza e o divino.

 A Deusa Inanna

Inanna, também conhecida como Istar, é uma antiga deusa mesopotâmica associada ao amor, erotismo, fecundidade e fertilidade. Seu nome em sumério significa “A Dama dos Céus” e ela era especialmente adorada na cidade de Ur.

Inanna é uma figura complexa e multifacetada. Ela é retratada como uma deusa do céu, do amor, da sabedoria, da guerra, da fertilidade e do erotismo. Seus símbolos mais importantes incluem o céu, as nuvens, as flores, as árvores, as guerras, os nascimentos, a rosa dos ventos e a pele.

Inanna é uma deusa aventureira de muitos mitos. Em um deles, ela decide descer ao submundo para visitar sua irmã, a deusa Ereshkigal. No entanto, ao chegar lá, Inanna se depara com sete portões. Para atravessar cada um deles, a deusa deixa parte de suas vestimentas e seus talismãs protetores, chegando totalmente nua ao encontro com sua irmã.

Além disso, Inanna é conhecida por sua relação com o deus Dumuzi. Em alguns mitos, após uma viagem ao submundo, Inanna descobre que Dumuzi não lamentou sua ausência. Em retaliação, ela o envia para ocupar seu lugar no submundo.

O culto a Inanna-Istar continuou pelo povo de língua semítica oriental (acadianos, assírios e babilônios), que absorveu os sumérios na região. A adoração a Inanna oferece uma visão fascinante da religião e da espiritualidade na antiguidade, bem como do papel das deusas e do feminino sagrado.


O matriarcado na pré-história é uma teoria que propõe que as sociedades humanas antigas eram dominadas pelas mulheres, que tinham mais poder e prestígio do que os homens por causa da sua capacidade de gerar filhos. Essa teoria foi formulada no século XIX pelo antropólogo Johann Bachofen, que se baseou em mitos, lendas e evidências arqueológicas.

No entanto, essa teoria é controversa e não há consenso entre os estudiosos sobre a sua validade. Alguns argumentam que não há provas suficientes de que existiram sociedades matriarcais na antiguidade, e que o conceito de matriarcado é anacrônico e etnocêntrico. Outros defendem que há indícios de que as mulheres tinham um papel importante e respeitado em algumas culturas antigas, especialmente nas relacionadas à religião, à agricultura e à fertilidade.

O debate sobre o matriarcado na pré-história envolve questões sobre a origem e a evolução das relações de gênero, a diversidade e a complexidade das sociedades humanas e a interpretação das fontes históricas e arqueológicas. É um tema que continua a despertar o interesse e a curiosidade de muitas pessoas.

Na Mesopotâmia e Egito as mulheres tinham um papel importante na religião, na política, na economia e na cultura. Elas podiam exercer todo tipo de ofícios e participar da vida pública. Algumas mulheres se destacaram como sacerdotisas, poetisas, rainhas e regentes.

Já na Grécia e Roma as mulheres eram subordinadas aos homens e tinham poucos direitos. Elas eram criadas para desempenhar um papel restrito ao ambiente doméstico, cuidando das tarefas do lar e dos filhos. A participação social das mulheres era restrita aos eventos religiosos e festivais, onde podiam exercer certa influência.

O feminismo é um movimento social e político que defende a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. O feminismo se baseia em diversas teorias e perspectivas que analisam as relações de gênero, a opressão patriarcal e a emancipação feminina.

Uma das vertentes do feminismo é o feminismo histórico, que busca resgatar e valorizar o papel das mulheres na história, questionando as narrativas dominantes que as excluem ou as subordinam. Nesse sentido, o feminismo histórico se interessa pelo estudo do matriarcado na antiguidade, como uma forma de desafiar a ideia de que as mulheres sempre foram oprimidas e de que o patriarcado é natural e universal.

Se te interessa saber mais sobre o assunto, indico os seguintes livros:

*Artigo relacionado Sexo na Maturidade

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